Mais de 40 mil famílias não terão condições de pagar as dívidas atrasadas em Campo Grande
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor de março/2023, mostrou que 12,6% dos entrevistados não conseguirão quitar as dívidas no mês de abril

O Índice de famílias que não terão condições de pagar as contas atrasadas em Campo Grande diminuiu no mês de março deste ano, registrando o número de 40.585 inadimplentes, no mês de fevereiro o número foi de 43.531 inadimplentes. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
A pesquisa registrou que 47,4% dos entrevistados possuem alguma dívida em atraso, 44% acreditam que não terão condições de pagar as contas no mês de abril, 28,1% pagarão as contas parcialmente e 9,2% não souberam responder.
Já o número de famílias campo-grandenses endividadas registrou um aumento no mês de março. Entre os entrevistados, 60,6% estão endividados, em fevereiro de 2023 o número registrado foi de 59,8% devedores.
A economista do Instituto de Pesquisa da Fecomércio MS, Regiane Dedé de Oliveira, explica que, apesar do aumento, o número de endividamento não chega a ser preocupante se comparado aos meses anteriores.
“O aumento no endividamento das famílias campo-grandenses não chega ser preocupante, pois de janeiro de 2023 para março de 2023 o aumento foi de 1% e se olharmos para aqueles que se dizem inadimplentes de janeiro a março percebe-se um recuo, então temos praticamente uma estabilidade”, explicou a economista.
O cartão de crédito ainda é o grande vilão entre os campo-grandenses. De acordo com a pesquisa, 71,1% dos entrevistados estão devendo o cartão de crédito, seguido pelos carnês (17,8%), crédito pessoal (11,8%), financiamento de casa (11,2%) e financiamento de carro (9,8%).
Endividamento X Inadimplência
Para Regiane Dedé, é necessário ressaltar a diferença entre endividamento e inadimplência. “É importante acompanhar esses movimentos para o comércio porque estar endividado não significa inadimplência, quando não vão pagar as contas”, explica.
No entanto, para os próximos meses, a economista afirma que os índices poderão ser ainda maiores devido às sazonalidades do próprio consumo que se intensifica nas datas comemorativas do mês de abril.
“O importante é que o consumidor se planeje para pagar as contas parceladas em dia. Compras parceladas e bens financiados muitas vezes se fazem necessários, mas o consumidor deve analisar o poder de pagamento que ele tem e a incidência dos juros”, aconselha a economista.
A pesquisa também revelou que 43,8% dos entrevistados possuem algum tipo de dívida com mais de 90 dias de atraso, 27,2% entre 30 e 90 dias em atraso, e 16,4% com até 30 dias em atraso. Não souberam responder 12,6% dos entrevistados.
Nível nacional
De acordo com dados divulgados pelo Serasa em janeiro deste ano, o número de brasileiros inadimplentes passou de 59,3 milhões, em janeiro de 2018, para 70,1 milhões, em janeiro de 2023, um recorde na série histórica.
Não só a inadimplência cresceu, como o valor das dívidas também. Em média, cada inadimplente deve R$ 4.612,30. Em janeiro de 2018, era R$ 3.926,40. Houve um crescimento de 19% no período.
Em relação ao perfil dos inadimplentes, as mulheres estão com mais dívidas a pagar em relação aos homens. Entre elas, a alta foi de 18% no valor das dívidas; e entre eles, 16%. As dívidas que mais subiram foram as financeiras, com elevação de 71%.
Já entre os endividados, dados divulgados pela Peic da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em 2022 afirmam que a cada 100 famílias brasileiras, 78 estavam endividadas.
O patamar é o mais elevado da série histórica da Peic, com início em 2010. Entre 2020 e 2022, a proporção de famílias endividadas passou de 66,5% para 77,9%, uma alta de 11,4 pontos percentuais.
As mulheres também são maiorias entre o perfil dos endividados. Em sua maioria são mulheres com menos de 35 anos, ensino médio incompleto e moradoras das regiões Sul ou Sudeste. Em 2022, do total de mulheres, 79,5% se endividaram, comparado a 76,7% dos homens.
Pesquisa
A coleta dos dados da Peic/MS de março de 2023 foi realizada nos últimos dez dias do mês, com número mínimo de 17.800 famílias entrevistadas em Campo Grande. O nível estimado de confiança é de 95%.
Fonte: Correio do Estado