Atendimento gratuito em fisioterapia respiratória infantil oferecido em Campo Grande é pioneiro no país
A iniciativa surgiu da parceria com o curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e tem apoio dos profissionais do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf) da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau)

Implementado há dois meses na Unidades de Saúde da Família do Bairro Maria Aparecida Pedrossian, USF MAPE, o atendimento em fisioterapia respiratória pediátrica , realizado pelo Grupo “Respira AB”, tem auxiliado na recuperação e melhora da qualidade de vida das crianças acometidas por doenças respiratórias, sejam crônicas ou agudas. A iniciativa surgiu da parceria com o curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e tem apoio dos profissionais do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf) da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).
O tratamento, pioneiro no país no contexto da Atenção Primária, contribui para evitar e reduzir internações e quadros mais graves de pacientes com sintomas respiratórios agudos e crônicos, o que o torna uma importante ferramenta de promoção e prevenção em saúde, sobretudo pelo momento atual de surto de casos respiratórios que a Capital vivencia.
Os atendimentos ocorrem semanalmente, às quartas-feiras, sob a supervisão da Professora Doutora Leila Foerster Merey, proporcionando tratamento em fisioterapia com o objetivo de minimizar os efeitos das doenças e sintomas respiratórios, melhorando a qualidade de vida das crianças acompanhadas e de seus familiares.
“A fisioterapia desempenha um papel fundamental no tratamento de doenças respiratórias, oferecendo cuidados de qualidade e contribuindo para a melhora dos pacientes. A atuação do fisioterapeuta nesse contexto permite o acesso rápido e próximo aos serviços de saúde, evitando a necessidade de encaminhamento para a rede especializada”, enfatiza a supervisora do programa.
A intervenção precoce e adequada possibilita o manejo eficiente de doenças respiratórias, como asma, bronquite e infecções pulmonares, minimizando complicações e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
O atendimento envolve uma avaliação individualizada do paciente, a identificação dos sintomas e a elaboração de um plano terapêutico trabalhado em grupo ou de forma individualizada. Entre as técnicas utilizadas estão a drenagem postural, exercícios respiratórios, mobilização torácica, incentivo à tosse produtiva e orientações sobre higiene brônquica.

Como o foco são crianças e adolescentes, tudo é feito de maneira lúdica, utilizando, inclusive, materiais e brincadeiras introduzidas no cotidiano deste público.
Além de tratar os sintomas respiratórios, a fisioterapia busca fortalecer a capacidade pulmonar, melhorar a ventilação e auxiliar na desobstrução das vias aéreas, contribuindo para a recuperação e prevenção de complicações.
“Essa medida contribui para a eficiência e sustentabilidade do sistema de saúde, reduzindo a sobrecarga nos serviços especializados e proporcionando um atendimento mais humanizado e próximo das comunidades”, destaca a professora Leila Foerster.
Durante as sessões, são realizadas orientações aos pais e cuidadores sobre as medidas externas que podem ser adotadas, diminuindo o número de crises e/ou a intensidade dos sintomas respiratórios.
O paciente Victor Hugo Silva, 7 anos, é uma das crianças atendidas pelo grupo na unidade e já obteve resultados positivos.
Mãe do paciente, a dona de casa Pamela Cristina Victor da Silva explica que antes de aderir ao tratamento, o filho tinha muita dificuldade de realizar até mesmo tarefas simples do dia a dia, como correr, jogar futebol e andar de bicicleta.
“Com o acompanhamento que ele passou a ter aqui no grupo, ele teve uma melhora significativa e está podendo levar uma vida com melhor qualidade”, disse. Victor possui uma patologia que afeta os pulmões, reduzindo assim a sua capacidade respiratória.
Casos
De 01 de janeiro a 20 de junho de 2023, foram registrados 1.736 casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs) em Campo Grande. Sendo que em aproximadamente 70% acometeram crianças menores de 9 anos. Das patologias identificadas, a maior parcela refere-se ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que provoca a bronquiolite. Foram 384 casos registrados durante o período mencionado.
Ademais, foram 671 casos de SRAG não especificados, 224 em aberto (sem definição), 130 Rinovírus, 74 Influenza B, 49 Influenza A e 12 Adenovírus. Foram confirmados até o momento 157 óbitos por SRAG. Em todo o ano de 2022, foram 6.914 casos de SRAGs em Campo Grande, sendo 1.891 de Covid-19.
Parceria
Desde março deste ano, a USF MAPE tem intensificado os atendimentos com a parceria do curso de Fisioterapia da UFMS. As atividades práticas são realizadas com a presença e supervisão de professores do curso, tendo o apoio da equipe da unidade e do Nasf.
São identificadas as necessidades do território que permitem intervenções como: ações educativas, tratamentos individualizados, domiciliares, atendimentos coletivos como o Grupo para Pacientes com Dores Crônicas acompanhados pelos professores do curso de Fisioterapia e profissional de Fisioterapia e Educação Física do Nasf (Sesau).
A expectativa é de que ainda no segundo semestre deste ano seja possível ampliar o atendimento em fisioterapia respiratória para outras unidades de saúde da Rede Municipal de Saúde.