Capital é a 5ª cidade com menor índice de desperdício de água
Um dos motivos para Campo Grande estar nos padrões de excelência do Ministério do Desenvolvimento Regional é o uso de tecnologia e inteligência artificial para identificar possíveis vazamentos

Segundo levantamento do Instituto Trata Brasil, entidade nacional de saneamento básico, Campo Grande é a quinta cidade do País com o menor índice de desperdício de água.
Feita em 100 municípios brasileiros, a pesquisa tem o objetivo de identificar o grande potencial da redução de perdas de água nessas localidades e, consequentemente, do aumento de disponibilidade hídrica para os usuários, além de ganhos financeiros para os operadores.
O ranqueamento mais recente mostra que Campo Grande apresenta 19,74% de perda na distribuição de água, 21,26% a menos que a média nacional de desperdício, que chega a 41%.
Entre as capitais do País, Campo Grande é a segunda com os menores índices de perda de água, ficando atrás apenas de Goiânia (GO), que apresenta desperdício de 19,50%.
Segundo o Instituto Trata Brasil, a Capital está entre as cidades brasileiras com os melhores padrões de excelência em perdas de água, índices estabelecidos pela Portaria nº 490/2021, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Trata-se de uma meta de 25% de perdas que os municípios devem atingir em 2034.
Campo Grande e outras sete cidades – Goiânia, Aparecida de Goiânia (GO), Petrópolis (RJ), Campinas (SP), Limeira (SP), São José do Rio Preto (SP) e Taboão da Serra (SP) – já estão dentro da meta estabelecida pelo ministério com 11 anos de antecedência.
A capital de Mato Grosso do Sul também está com um dos menores indicativos de perdas por ligação, ou seja, o volume de água perdido por dia e por ligação, padrão utilizado como complemento do índice de perdas na distribuição.
Nesse levantamento, Campo Grande é o quarto município com as menores perdas de água por ligação, com 116,89 litros desperdiçados.
Segundo o gerente de Operações da Águas Guariroba, Ítalo Edson de Souza, os 19,74% de perdas de água em Campo Grande equivalem a 20 piscinas olímpicas cheias, por dia.
“Pode parecer muito, mas ainda assim é um indicador muito bom se comparado ao desperdício de água dos demais municípios dentro do ranking do [Instituto] Trata Brasil”, relata.
O relatório nacional aponta que o volume total de água desperdiçada em 2021 (cerca de 7,3 bilhões de metros cúbicos) equivale a quase 8 mil piscinas olímpicas diariamente ou 7,4 vezes o volume do Sistema Cantareira, o maior conjunto de reservatórios do estado de São Paulo, destinado à captação e ao tratamento de água.
De acordo com a pesquisa, os 7,3 bilhões de metros cúbicos não somente equivalem a pouco mais de 30% do consumo desperdiçado da população do País em 2021, como também representam cerca de 2 vezes o número de habitantes sem acesso ao abastecimento de água em 2023, em torno dos 33 milhões de brasileiros.
Sistema de controle
Um dos principais motivos para Campo Grande estar dentro dos padrões de excelência no País no quesito de perdas controladas de água é o uso de tecnologia e inteligência artificial para o monitoramento de vazamentos na rede de esgoto.
A reportagem do Correio do Estado esteve no Centro de Controle de Operações da Águas Guariroba, onde foi possível observar o trabalho de identificação de irregularidades no sistema de abastecimento de água na Capital.
De acordo com Souza, a empresa utiliza desde 2014 um programa israelense chamado Takadu, que identifica vazamentos, falhas no sistema e alterações no fluxo de água por meio de 728 sensores espalhados na rede de esgoto campo-grandense.
“A primeira anomalia que o programa identifica na rede é a pressão e a vazão da água. Os operadores que avaliam esses eventos no Takadu direcionam grupos equipados de geofones, os quais farão a varredura para identificar o exato ponto do vazamento”, explica Souza.
Segundo o gerente de operações, existem vazamentos que demoram, por exemplo, até 30 dias para o escoamento da água no asfalto ser visível. Com o programa Takadu, porém, é possível que os operadores detectem o vazamento e antecipem o reparo antes mesmo do período citado.
“Quando o sistema observa essa anomalia, com base na análise que é feita por inteligência artificial, o local dos vazamentos é informado para nós”, diz o gerente.
Com o auxílio do programa, a concessionária de saneamento da Capital consegue reparar 40% dos casos de vazamento de água a mais que o número de denúncias de perdas, os quais são informados pela população por meio de ligações telefônicas.
Fonte: Correio do Estado