Férias em montadoras não afetam entrega de novos, mas usados movimentam garagens de Campo Grande

Concessionárias alegam que estoque é capaz de atender demandas. Porém, queda na procura por novos aumenta a venda dos veículos usados nas garagens

Cidades | 27 de março de 2023, por redacao@radar67.com.br

Várias montadoras de carros anunciaram, neste mês de março, que vão conceder férias coletivas aos funcionários e paralisar a produção de veículos em suas fábricas brasileiras. Os principais motivos variam desde a falta de equipamentos até queda na venda de veículos novos. Em Campo Grande, concessionárias alegam que a paralisação não afetou a movimentação por causa do estoque disponível. Mesmo assim, carros usados conquistaram preferência do consumidor pelo valor reduzido em comparação aos novos e seminovos.

As montadoras da Volkswagen, Hyundai Motor Brasil, Mercedes-Benz do Brasil, GM e Stellantis (agrega Fiat, Peugeot e Citröen) já anunciaram a paralisação temporária das atividades. Para Carlos Villa, gerente de veículos novos da concessionária Chevrolet Perkal, que comercializa veículos da GM (General Motors), as vendas continuam normais porque loja tem estoque para atender demanda durante as férias coletivas.

“Temos estoque suficiente para que possa gerar vendas. Também criamos estratégias de vendas, como taxas a partir de zero, pagamento só daqui a 180 dias, planos para CNPJ e produtor rural. Tudo contribui para que as negociações continuem em andamento”, afirma.

Ele ainda explicou que os veículos da marca chegam de São Paulo até Campo Grande de 2 a 3 dias e que os mais procurados são Onix, Montana, S10 e as SUVs Tracker.

“A nossa economia é diferenciada porque é baseada no agronegócio, como estamos num período de safra, os preços estão condizentes com o mercado. Nosso carro-chefe são veículos novos, mas a procura por seminovos também é grande. A venda é semelhante para os dois segmentos”, ressalta.

Aumento da venda direta

Detentora das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, a Stellantis também adotou as férias coletivas na unidade de Goiana (PE) desde a última quarta-feira (22) até 10 de abril, em todos os três turnos de trabalho. De acordo com a multinacional, o objetivo também é ajustar o volume de produção à demanda disponível no momento.

Rhude Hermes Souza, gerente de vendas de carros novos da Fiat Enzo da Avenida Costa e Silva, também alega que a movimentação na loja funciona normalmente. Uma vez que a fábrica antecipou a produção, concessionária consegue atender a todas as demandas. Além disso, a venda direta para produtor rural triplicou em 2023 em comparação a 2022.

“Isso é sinal de que o mercado está retomando de forma gradativa. No varejo deu retraída, mas venda direta aumentou”, diz.

Souza ainda comenta que os carros mais procurados são Strada e Fiat Toro e que os novos têm previsão de chegada a Capital de 30 a 90 dias, dependendo do modelo.

Em outro espaço, esse especializado na venda de Jeep, a atendente da loja também afirmou que “o nosso processo está normal, [as férias coletivas] não afetaram em nada porque tem carro no estoque”. Porém, também comentou que a venda de novos está menor do que no ano passado.

Carros usados superam novos e seminovos

No setor de veículos há muitos anos, Felipe Carneiro de Carvalho é gestor da Teca Automóveis, especializada em seminovos. Ele contou à equipe de reportagem que teve queda 2,53% nas vendas de janeiro a março de 2023, em comparação ao mesmo período de 2022, por causa da taxa de juros, a não correção salarial conforme a inflação e preços do combustível, escola e demais produtos.

“A preferência das pessoas sempre vai ser pelo novo, mas devido ao alto preço e as taxas de juros, a pessoa não consegue pagar a parcela de um carro zero. Por isso, o que movimenta o setor hoje são os carros usados, ou seja, aqueles com mais de 5 anos de uso”, afirma.

Ele explica ainda que os carros seminovos são mais recentes, como de 2020 e 2021, enquanto os usados são datados em média de 2012 e 2014, por exemplo.

“Os seminovos de 2020 a 2021 não estão girando porque, mesmo sendo usados, ainda são caros. Carros até R$ 50 mil no âmbito popular saem mais porque a renda média do brasileiro consegue pagar parcelas de até mil reais”.

Em março, a loja de Felipe registrou a venda de 61 carros. Desse total, 60% custavam até R$ 50 mil. “O mercado de seminovo está ruim, mas para usado está bom”, afirma. Dessa forma, o empresário ressalta que essa é uma realidade em todo o Brasil.

Segundo informações da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o mês de janeiro de 2023 teve 1.060.073 transações de usados, resultado 10,6% acima do registrado no mesmo mês do ano passado. Na comparação com dezembro de 2022, a baixa é de 19,4%, devido, especialmente, à sazonalidade do período.

O início de ano é uma época em que muitos consumidores estão lidando com despesas como IPVA, IPTU, matrícula e materiais escolares e isso reflete nos números do nosso Setor”, afirma o Presidente da Fenabrave , Andreta Jr., que ressalta que, apesar disso, o resultado foi melhor do que no ano passado. “As transações superaram 1 milhão de unidades e todos os segmentos registraram alta sobre janeiro de 2022”, afirma. 

Fonte: Midiamax