Renda fixa seguirá como melhor opção de investimento em 2023, dizem analistas

Títulos que acompanham rendimento entregue pela Taxa Selic estão entre os mais recomendados

Economia | 13 de fevereiro de 2023, por redacao@radar67.com.br

Com a taxa Selic adentrando em 2023 no patamar de 13,75% e a aposta do mercado de que ela prossiga nos dois dígitos durante boa parte do ano, o investimento em renda fixa, assim como em 2022, deve voltar a se destacar nas carteiras dos investidores.

Títulos públicos, bancários e emitidos por grandes empresas do tipo pós-fixado, que acompanham o rendimento entregue pela taxa básica de juros, e os indexados à inflação, que oferecem uma taxa prefixada mais a variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), estão entre os mais recomendados por especialistas de mercado frente ao cenário de incerteza econômica e política esperado à frente.

Já em relação à Bolsa de Valores e os investimentos no exterior, a avaliação é a de que se tratam de alternativas que não devem ser completamente descartadas dentro de um portfólio de investimento bem diversificado, embora necessitem de uma atenção maior na hora de fazer a seleção dos melhores cavalos para atravessar um ano que promete ser de volatilidade acentuada nos mercados globais.

“2022 está sendo um ano forte para a renda fixa, e a expectativa para o ano que vem é que essa tendência continue. Considerando as projeções do mercado para 2023, não tem como não falar que não será de novo marcado como um cenário bom para a renda fixa”, diz Renato Ramos, sócio e diretor de renda fixa da gestora Empírica Investimentos.

“Em 2023 devemos ter um cenário parecido com esse, com a renda fixa novamente como destaque, ainda que talvez em um volume menor”, afirma Erick Scott Hood, executivo responsável pela área de produtos e portfólios do Inter.

Ramos, da Empírica, lembra que a mudança de governo e as definições em andamento acerca da política fiscal a partir de 2023 devem manter um grau de incerteza elevado nos mercados, com novos aumentos nas expectativas de inflação não podendo ser descartadas.

A pressão inflacionária persistente, por sua vez, deve dificultar o trabalho do BC (Banco Central) de iniciar a redução dos juros, afirma Ramos.

No relatório Focus, os economistas consultados pelo BC preveem a taxa Selic em 12,50% no final de dezembro de 2023.

As sinalizações de expansão dos gastos públicos pelo governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não apenas dificultaram uma queda da Selic, como colocou no radar de parte dos investidores a possibilidade de novos aumentos de juros serem necessários para controlar a trajetória da dívida.

“As taxas esperadas pelo mercado são o ponto de partida para os rendimentos dos títulos de renda fixa. Sendo assim, esperamos mais um ano de protagonismo da classe [de renda fixa], com retornos elevados”, os analistas da XP Investimentos, que projetam a taxa Selic estável em 13,75% até o final de 2023.

O diretor da Empírica acrescenta que, no cenário global, os países desenvolvidos seguirão em sua batalha para domar os preços em níveis historicamente elevados, com uma possível contaminação ao Brasil por meio de uma espécie de inflação importada.

Segundo Ramos, nesse cenário, os títulos pós-fixados, que têm por característica a alta liquidez e uma volatilidade menor que que a média, representam a melhor alternativa para o dinheiro que o investidor quer manter tendo como foco o curto prazo, para fazer frente às contas do dia a dia ou eventuais emergências.

Já se a intenção é manter os recursos aplicados por um pouco mais de tempo, o diretor da Empírica recomenda os títulos indexados à inflação, que oferecem um retorno real na casa dos 6% ao ano e uma proteção frente ao risco de aumento dos preços por causa das incertezas econômicas e fiscais nos próximos anos.

Na mesma linha, Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, afirmou que, frente às incertezas no atual cenário de transição, recomenda a alocação em renda fixa distribuída principalmente entre pós fixados atrelados ao CDI e indexados à inflação.

“As taxas dos títulos NTN-Bs [indeados à inflação] acima de 6% estão em patamar bastante elevado, já refletindo o cenário de maior risco, além de oferecer proteção contra uma inflação mais persistente”, diz a especialista, acrescentando que títulos de crédito privado de empresas sólidas e com isenção de IR (Imposto de Renda) também são boas opções para compor a carteira.

Hood afirma que, em uma primeira alocação na renda fixa, os investidores de perfil mais conservador costumam buscar opções como os títulos públicos do Tesouro Direto e os CDBs de grandes instituições financeiras cobertos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

Para aqueles de perfil já um pouco mais arrojado, títulos de crédito privado podem trazer um retorno adicional em torno de 0,50 ponto percentual na comparação com os prêmios dos títulos no Tesouro, a depender das características específicas de cada operação, diz o executivo do Inter.

“O investidor nunca pode entrar em uma emissão de crédito privado para ganhar menos do que no Tesouro.”

Fonte: Correio do Estado